Os negócios do fim de ano

As vitrines de Natal ficam prontas cada vez mais cedo. Elas estão recheadas de simpáticos personagens natalinos. A decoração atrai o consumidor e estimula as compras. Os bonecos são as estrelas dessa história.

Mas, para esse cenário ficar produzido, já faz um ano que esse mundo encantado do Natal começou a ser construído.

Boneco de Papai NoelTodos fofos, gorduchos e bem vestidos. É Papai Noel no plural. São centenas. Eles fazem parte de uma grande e variada família. A mãe de todos é Susy Gheler, que bem antes de virar empresária, era uma menina que gostava de brincar de boneca.

“Eu brincava na verdade, que era uma coisa que eu adorava. Eu nasci com esse talento, eu nunca fiz um curso e de repente a coisa foi se tornando cada vez mais profissional”, conta Suzy Gheler.

A empresária confecciona esse tipo de boneco há 27 anos e perdeu a conta de quantos bonecos já fez. Os gorduchinhos enfeitam eventos e vitrines o ano todo.
A cara é sempre com o sorriso aberto, bochechão marcado. A fantasia é que muda conforme a ocasião.

“Na verdade nesses 27 anos, a minha maior especialidade até então sempre foi Páscoa, mas esse último ano a gente deu uma virada. Hoje em dia é assim: 50% Páscoa e 50% Natal”, diz Suzy.

No ateliê da empresária trabalham 10 costureiras. Mas, para o Natal, ela contrata também funcionários temporários. Entre montadores e técnicos são mais de 60 pessoas.

Cenotécnicos, diretor de arte, gente de iluminação, figurinistas, bordadeiras.

A costureira Carla dos Santos monta 15 carinhas de Papai Noel por dia.

“Tem que tomar cuidado com o contorno dos olhos, da bochecha, a parte da boca”, explica Carla.

O figurino dos bonecos é tradicional e cheio de charme. Papai Noel, nos tons da estação, veste calça vermelha, casaco com detalhes em pelúcia e cinto preto para acompanhar botas de quem vai trabalhar duro no dia 25 de dezembro.

Segundo a empresária Susy Gheler, para montar um ateliê de bonecos de pano, o investimento inicial é de cerca de R$ 20 mil. O dinheiro é para a compra de matéria-prima e máquinas de costura.

É em um galpão que os bonecos esperam a festa mais aguardada do ano. O local abriga o acervo da empresária: são mais de 300 personagens.

Os papais noéis gigantes e os anjinhos estão prontos desde agosto. Todos foram cuidadosamente embalados em sacos plásticos.

“Eu adoro esse meu trabalho e acho que é uma coisa que tem alma. Então eu tenho que zelar por esse trabalho, eu cuido e volta para cá sempre”, afirma Suzy.

A empresária tem ainda outra estratégia. Ela não vende os bonecos. Só aluga.
Assim espera garantir vida longa para todos eles.

Bonecos, que às vezes podem surpreender pelo tamanho. É que o Natal, cada vez mais, é um grande negócio que precisa de agilidade e criatividade. Aliás, criatividade é o que não pode faltar quando o empresário precisa despertar no seu cliente a vontade de consumir aquilo que parece apenas um enfeite.

Massas feitas artesanalmente. Elas estão a venda em uma rotisseria. São pacotes de tortelini, rondelli, todos com recheios variados.

Logo no primeiro ano de funcionamento, o empresário Lotofo Abul Hiss percebeu uma boa oportunidade de negócio. Os clientes dele procuravam por uma massa especial para ceia de Natal.

“O mercado é ávido por novidades. As pessoas gostam de coisas diferentes. Nós juntamos os sabores que nós fazemos normalmente e resolvemos criar uma árvore de Natal”, explica o Lotofo Abul Hiss.

A receita é simples: leva uma farinha branca especial e, para os galhos, é usado espinafre. Juntos, eles formam uma massa colorida. Por fim, é adicionado o recheio, que pode ser de mussarela de búfala, queijo brie, amêndoas e vitela.

O empresário desenvolveu forminhas especiais para fazer as massas em forma de árvores. Embaladas à vácuo, as massas, podem ficar até 21 dias na geladeira ou seis meses no freezer.

Até o Natal a empresa vai produzir 700 quilos de árvores de Natal.

“A gente sempre tem um acréscimo de venda já proporcional a data. Eu acredito que deve dar uns 10% a 15% a mais do que normalmente a gente venderia sem esse tipo de produto”, afirma Lotofo.

Montadas no prato com molho de tomate, as massas de Natal estão prontas para enfeitar a mesa e fazer a festa dos convidados.

“Você tem um sabor diferente. A gente come com os olhos também, não é verdade?”, lembra Lotofo.

Chocolates decorados com motivos natalinos. Em uma empresa, o Natal começa a ser pensado assim que o Natal acaba. Todo ano, o empresário Renato de Góes aumenta a produção e cria novas formas para os chocolates. Hoje, ele tem 100 modelos exclusivos. Assim, consegue driblar a concorrência.

“O Natal a gente trabalha o ano todo e a partir de agosto, os modelos, os mostruários estão todos prontos para serem enviados para as lojas”, explica Renato.

Na época do Natal, as vendas da empresa crescem mais de 60%.

“As pessoas conhecem e se interressam e cada vez mais e a gente aumenta o número de clientes”, diz Renato.

Os detalhes dos enfeites são preenchidos com chocolate branco e anilina colorida.
Depois é colocado o chocolate puro. Em barrinhas ou na forma de bombons, eles recebem um acabamento especial. A cada Natal é utilizada uma tonelada de chocolate.

A funcionária Lucia de Oliveira, com letra firme e elegante, dá o toque final, escrevendo “Feliz Natal”.

A produção não pára. A toda hora são feitos um batalhão de papais noéis, um painel com suas carinhas, árvores de Natal. Tudo muito colorido e apetitoso.

A empresa produz também biscoitos amanteigados cobertos com glacê. Tudo para o Natal. Eles custam R$ 82 o quilo.

Mas mesmo com tantas opções, adivinha só qual é o campeão de vendas da empresa? É o bom e velho Papai Noel.

Fonte: PEQN