Suzy Gheler, cenógrafa e vitrinista, transfere para sua casa no Pacaembu as fantasias de infância.
Até nome de boneca ela tem: Suzy, a rival de Barbie. Suzy Gheler é mesmo assim, magra, cabelos loiros compridos e arrumados. “Bonecas estavam no meu destino”, admite. “Venho de famílias russa e polonesa, meus pais sempre me davam bonecas, que enchiam o meu quarto em cor-de-rosa.” Hoje, ela não só cria bonecas e bichos de pano como também emprega seu dom na montagem de cenografias e vitrines.
Ativa,
Suzy cuidou de cada detalhe da casa onde mora há um ano, no Pacaembu.
“Fiz reformas pontuais, pois não queria descaracterizá-la... Ficou
exatamente do jeito que eu queria”, diz. Desafios são uma constante na
vida dessa mulher autodidata. “Tudo começou 25 anos atrás, quando tive
minha primeira filha. Sem nada para fazer, trocava ela o dia inteiro.
Foi aí que minha mãe disse que havia quem trabalhasse com bonecos ...”,
lembra.
Suzy interpretou a dica materna como a chance de se
dedicar ao que sempre gostou. “Na minha cabeça, tudo se transforma em
bonecos, em algo bonito para agradar às pessoas.” Também quis que as
peças fossem perfeitas.
“Minhas bonecas têm meias e lingerie. Sou crítica, faço coisas bem-humoradas, mas não escrachadas”, sintetiza.
O
trabalho depende de tecidos, por isso, ela bate perna no comércio do
Brás ou do Bom Retiro atrás de qualidade - e variedade. Depois é hora
de pesquisar e soltar a imaginação. “Passo as idéias para uma
desenhista, que faz os croquis. Esses vão para as costureiras, a
especialista em enchimento e a cadeia prossegue até a responsável pelas
vendas”, detalha. Algumas das criações, de tão queridas, Suzy faz
questão de levar para casa, como a boneca hindu Kalina, que enfeita um
dos sofás da sala de visitas. Kalina usa vestido de lamê e véu bordado
de lantejoulas e pedrarias; as unhas (na verdade, pedaços de feltro)
são pintadas de vermelho.
O material de pesquisas, que inclui
livros e revistas especializadas, está no escritório, à direita de quem
entra na casa. Fechado de vidro, conta com sofá de dois lugares, mesa,
cadeiras e estantes, na qual Suzy acomoda os bonecos. “É aqui também
que faço reuniões com a equipe”, diz ela.
O hall de entrada,
repleto de quadros e mesas com arranjos e objetos de prata, conduz, de
um lado, para o lavabo - ambiente caprichosamente decorado. Sob o
espelho veneziano (modelo similar, na Tânia Bulhões Home, custa por
volta de R$ 2.500), a cuba retangular (cerca de R$ 1.000, na
Interbagno) e a bancada que acomoda objetos de prata. Na parede, um
quadro de bonecos trazido de Nova York. Ao lado, a cozinha é branca e
integrada à área de serviço. O destaque fica por conta do passa-pratos
para a sala de jantar.
Do vestíbulo sai também a escada para o
piso superior e, sob ela, o espaço com o sofá, o banco antigo
argentino, os vasos tailandeses e a mesa enfeitada com escultura de
bronze. Ao lado, a sala de jantar com parede de tijolos aparentes,
lareira com frontão de ferro (R$ 1.700, no Empório La Poltrona) e sofás
forrados de chenille de algodão branco (a partir de R$ 49,80 o m, na
Formatex). Em um deles, almofadas com desenhos de soldadinhos e
pingentes cor de vinho (cerca de R$ 1 mil cada uma, na Tânia Bulhões).
Sobre a lareira, outros tesouros: a bailarina em faiança e dois
pequenos vasos de prata (preços sob consulta, no antiquário Ivy).
Na
sala de jantar, a mesa de imbuia com tampo giratório (R$ 2.500, no
Empório La Poltrona) é cercada por cadeiras com encosto e braço de
fibras trançadas, pintadas de branco (design italiano, preço sob
consulta no La Poltrona). A mesa dá para o passo-prato, que, do lado da
sala, se fecha em vidro jateado e faz parte de um bufê com tampo de
mármore. O lustre que pende sobre a mesa parece um arranjo de rosas em
cobre.
Uma porta de vidro de correr se abre para o jardim. Lá
fora, está a área da churrasqueira e do ofurô. Nos fundos da casa, o
salão com piso de ladrilho hidráulico florido (a partir de R$ 112 o m²
, na Brasil Imperial) tem parede de tijolos pintados de branco. Na área
reservada ao home theater, destacam-se a adega para 90 garrafas (R$
4.050, na Maison des Caves) e o sofá forrado de jacquard de veludo azul
listrado ( R$ 279,80 o m, na Formatex).
De volta ao corpo
principal da casa, a escada caracol tem corrimão tubular e recebe luz
através da enorme janela. Do hall anexo Suzy fez espaço para tomar a
primeira refeição do dia. Lá estão móveis claros patinados: biombo,
estante com portas de vidro, sofá e, no centro, mesa com tampo de
espelho (da Ivy, preço sob consulta). “É um lugar que me deixa de bom
humor logo de manhã”, segreda Suzy. Como se observasse o ambiente, um
carneiro de óculos com 1,60 de altura, outra de suas criações.
Fonte: O Estado de São Paulo